O MILAGRE DAS INCORRUPÇÕES

Por séculos a Igreja Católica considerava milagres as incorrupções dos corpos dos seus santos. A Ciência não tão avançada, a falta de análise científica nesses corpos e sua aparente inexplicabilidade, atordoava e espantava os fiéis católicos. 

Finalmente, o Vaticano decidiu esclarecer de uma vez por todas essas 'misteriosas' incorrupções de cadáveres ou de partes deles. "A pedido do Vaticano, italianos patologistas, químicos e radiologistas debruçaram-se sobre os corpos mais antigos de homens e mulheres enterrados em relicários da igreja." E, agora, com testes da ciência moderna nos corpos de santos católicos incorruptos, a que conclusão se chegou? "Enquanto alguns santos foram claramente mumificados pelos seus devotos seguidores, outros foram protegidos da deterioração pelas condições ambientais." 

milagre das incorrupções


João XXIII não foi embalsamado, mas, logo após a morte, seu corpo foi banhado em substâncias químicas. "O OXIGÊNIO não podia entrar no ataúde de chumbo, o que impediu o APODRECIMENTO", diz Vincenzo Pascali, legista da Universidade Católica de Roma. "Isso não autoriza comentários sobre causas sobrenaturais."

O corpo incorrupto do cardeal ucraniano dissidente Josef Slipyj . . . O cadáver ainda estava intacto, mas a carne tinha começado a SE ESCURECER com a DECADÊNCIA.

Margaret de Cortona, morta em 1297 e venerada como padroeira das ex-prostitutas. . . . A pedido do Vaticano, o legista italiano Ezio Fulcheri, professor da Universidade de Gênova, examinou o corpo preservado. Bastou despi-la para ver os sinais de manipulação. Incisões nas coxas, na barriga e no peito denunciavam os pontos usados para injetar conservantes. Mais tarde, Fulcheri debruçou-se sobre documentos da Igreja. Descobriu que Margaret fora mumificada ARTIFICIALMENTE a pedido dos fiéis. A verdade se perdeu no tempo. A lenda [do milagre da incorrupção] ficou.

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Sua pesquisa revelou cinco outras hipóteses similares: Santa Clara de Montefalco, Bendita Margarete de Metola, Santa Catarina de Siena, São Bernardino de Siena, e Santa Rita de Cássia. Devotos diligentes se incumbiram de preservar os restos, mas, em certos casos, não se contentaram com isso. Santa Clara de Montefalco, por exemplo, teve o corpo dissecado pelas freiras da congregação a que pertencia. 

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De acordo com registros históricos do século quarto, cristãos em Úmbria sepultaram o corpo de Santo Emiliano "com resinas aromáticas e perfumes preciosos e lençóis brancos" e os cristãos continuaram ungindo seus santos e mártires com tais substâncias por mais de um milênio. Em 1697, por exemplo, um cirurgião italiano deixou uma lista de 27 medicamentos e ervas em pó que tinha empregado para preservar o corpo de S. Gregorio Barbarigo. Mirra, aloés e incenso, outra resina egípcia favorita, encabeçou a lista. "Então as idéias do Egito foram transferidas à Palestina e, em seguida, à Europa", diz Fulcheri.

Mas, nem todos os santos incorruptos foi encontrada a presença de óleos aromáticos, banhos químicos ou quaisquer processos artificiais de mumificação. Santa Zita, Ubaldo de Gubbio, Margarida de Sabóia e Savina Petrilli são exemplos. Isso significa que houve incorrupção por milagre Divino? Infelizmente, não, pois se sabe que a mumificação natural pode conseguir tal façanha. O próprio especialista Fulcheri se perguntou se as condições ambientais nas igrejas da Itália não teriam contribuído para a preservação dos santos, já que muitos haviam sido enterrados antes da canonização em jazigos sob o piso da igreja. "A temperatura nas igrejas é baixa e há pouca variação entre o inverno e o verão", observa o médico Ezio Fulcheri, legista da Universidade de Gênova.

Muitos católicos têm classificado os corpos preservados por meios naturais ou artificiais como 'mumificação'. Já os possíveis corpos preservados por razões desconhecidas pela Ciência, daí, sim, eles classificam de 'incorrupção'. O problema que se nos atermos ao significado normal da palavra 'incorrupto' no dicionário não vemos essa diferenciação:
in.cor.rup.to 
adj (lat incorruptu) 1 Que não se corrompeu. 2 Que não se deixou subornar. Var: incorruto.  (Dicionário Michaelis) A palavra em si não carrega o sentido de milagroso.

Agora, o veredito final da Santa Sé: "Em face da Ciência, a Igreja Católica Romana tem agora, praticamente, abandonado a noção de INCORRUPTIBILIDADE. Ela já não aceita  a preservação física como um dos dois milagres necessários antes que um santo possa ser reconhecido pelo Papa."





















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